Foto: Reprodução Construir ou reformar uma casa é, para muitas famílias brasileiras, a realização de um sonho, mas esse processo nem sempre acontece da forma esperada. Um levantamento do CREA mostra que mais de 60% das obras residenciais apresentam retrabalho, gerando atrasos, desperdícios e frustração.
Entre os principais motivos está a ausência de um projeto executivo detalhado: quando o planejamento é incompleto, surgem improvisos que provocam conflitos entre arquitetura, elétrica, hidráulica e estrutura, aumentando custos e comprometendo o resultado final.
Outro erro recorrente é a escolha de materiais de baixa qualidade; a economia imediata costuma se transformar em gastos maiores no futuro, com infiltrações, fissuras e manutenções precoces. A falta de acompanhamento técnico também é decisiva — sem supervisão adequada, mesmo equipes experientes podem cometer erros que só aparecem meses depois. Além disso, o orçamento mal planejado é um dos grandes vilões das obras residenciais: ao não prever uma margem para imprevistos, os custos podem aumentar em até 30%, comprometendo o cronograma e o fluxo financeiro da família.
Para evitar esses problemas, a solução passa por elaborar um projeto executivo completo e compatibilizado, contratar profissionais qualificados desde a fase inicial, reservar entre 10% e 15% do orçamento para eventuais necessidades extras e formalizar contratos claros, com prazos, responsabilidades e escopo bem definidos.
Com organização, técnica e planejamento, o sonho da casa própria deixa de ser uma fonte de estresse e se transforma em uma construção segura, eficiente e duradoura.
Foto: Reprodução Nos últimos anos, o mercado imobiliário brasileiro viu crescer uma modalidade de empreendimento que promete economia e transparência: a construção a preço de custo. Diferente do modelo tradicional, em que o comprador paga pelo imóvel pronto acrescido da margem de lucro da construtora, nesse formato os futuros moradores assumem os custos diretos da obra, de forma rateada e proporcional à sua unidade.
Segundo a Abrainc, a construção a preço de custo pode representar uma economia de 20% a 30% em relação ao modelo convencional. Isso ocorre porque não há lucro incorporado no valor final do imóvel. O construtor ou administradora recebe apenas uma taxa de gestão, que geralmente varia entre 10% e 15% do custo da obra.
Você deve se perguntar: mas como funciona? Funciona quase como um condomínio em formação: os interessados se reúnem, adquirem cotas do empreendimento e passam a arcar, mensalmente, com as despesas da obra, como mão de obra, materiais e impostos. O pagamento acompanha a evolução da obra, o que exige planejamento financeiro e disciplina.
Esse modelo já se consolidou em cidades como São Paulo e Florianópolis, e começa a ganhar força em cidades médias, atraindo investidores que buscam maior rentabilidade e compradores que desejam pagar menos pelo mesmo padrão de imóvel.
Entre as vantagens, além da economia, está a transparência: todos os custos são apresentados aos condôminos. Isso gera confiança e permite que os compradores acompanhem de perto onde cada real está sendo investido.
Por outro lado, há desafios: o prazo de entrega pode variar de acordo com a adesão financeira dos participantes; além disso, imprevistos na obra recaem diretamente sobre os condôminos. É um modelo que exige confiança na administradora e responsabilidade coletiva.
A construção a preço de custo é uma excelente alternativa de acesso à moradia e de investimento, mas só funciona quando bem estruturada e gerida por empresas sérias. Mais do que economia, esse formato promove uma relação de parceria entre construtora e cliente.
Foto: Reprodução Nos últimos anos, o mercado imobiliário brasileiro passou por uma transformação silenciosa, porém significativa. Enquanto grandes capitais enfrentam limitações de espaço, custos elevados e saturação de oferta, as cidades médias — com população entre 100 mil e 500 mil habitantes — vêm se consolidando como os novos polos de desenvolvimento urbano e imobiliário.
Segundo levantamento da Cushman & Wakefield, o volume de lançamentos residenciais nessas cidades cresceu 2,5 vezes mais do que nas capitais nos últimos ciclos de mercado. Essa tendência reflete uma mudança de comportamento de famílias, investidores e incorporadores, que buscam novos horizontes de rentabilidade e qualidade de vida.
Há uma combinação poderosa de fatores que explica esse movimento do crescimento de cidades médias:
Custo de vida mais baixo e melhor qualidade de vida. A possibilidade de morar perto do trabalho, gastar menos tempo no trânsito e desfrutar de serviços públicos mais acessíveis faz dessas cidades um ambiente atrativo, especialmente para famílias jovens e profissionais que podem trabalhar de forma híbrida ou remota.
Terrenos mais acessíveis e obras mais viáveis. O preço do metro quadrado de terreno em cidades médias permite projetos de escala e qualidade que seriam inviáveis nas grandes capitais. Isso abre espaço para empreendimentos modernos, com áreas de lazer completas e valores mais compatíveis com a renda da população local.
Demanda reprimida e carência de produtos atualizados. Em muitas dessas cidades, ainda predominam imóveis antigos, com plantas ultrapassadas. Há uma nova geração de compradores buscando apartamentos compactos, funcionais e bem localizados — e isso representa uma oportunidade clara de valorização.
Infraestrutura em expansão. Universidades, hospitais regionais, novos eixos industriais e logísticos estão impulsionando a geração de empregos e a renda local. Com isso, cresce a demanda por moradia, serviços e espaços comerciais, fortalecendo o ciclo de desenvolvimento urbano.
O Brasil é um país de dimensões continentais, e a urbanização está se interiorizando. Cidades como Tubarão, Criciúma, Itajaí, Londrina, Maringá, Franca, Uberlândia e Juiz de Fora são exemplos claros dessa nova dinâmica: urbanas, conectadas e com forte vocação econômica regional.
O futuro do mercado imobiliário nacional passa inevitavelmente por esses centros intermediários. Para investidores e empreendedores, trata-se de um campo fértil, com custos menores, margens mais sustentáveis e grande potencial de valorização a médio e longo prazo.
Mais do que uma tendência passageira, o movimento para as cidades médias representa uma mudança estrutural no modo de viver, investir e construir no Brasil.
Foto: Reprodução No Brasil, falar em obras públicas é tocar em um dos pontos mais sensíveis da gestão pública. Estradas inacabadas, escolas que nunca abriram as portas e hospitais que viraram ruínas são cenas conhecidas da população. Segundo levantamento do Tribunal de Contas da União (TCU), existem hoje mais de 14 mil obras paralisadas em todo o país, representando bilhões de reais em recursos desperdiçados — valores que poderiam estar transformando realidades, mas acabam soterrados sob camadas de burocracia, má gestão e falta de planejamento.
Os motivos para esse cenário são múltiplos e, muitas vezes, interligados. O primeiro deles está na elaboração deficiente dos projetos básicos. Em muitos casos, obras são iniciadas com projetos incompletos ou tecnicamente frágeis, o que gera revisões, aditivos contratuais e atrasos. Outro ponto crítico é o processo de licitação, que, embora essencial para garantir competitividade e transparência, ainda sofre com falta de clareza nos editais e critérios de julgamento pouco técnicos, abrindo brechas para disputas judiciais e corrupção.
A subestimação de orçamentos é outro vício histórico. Por motivos políticos ou técnicos, muitos projetos são anunciados com valores artificiais, e a conta real aparece depois, em forma de aditivos e novos repasses. Além disso, a fiscalização insuficiente — tanto por parte dos órgãos públicos quanto da sociedade — contribui para que desvios e atrasos passem despercebidos até que seja tarde demais.
Mas o cenário não é irreversível. Existem modelos e tecnologias capazes de transformar a forma como o Brasil planeja e executa suas obras públicas.
A adoção de tecnologias de monitoramento e gestão digital de obras, por exemplo, já é realidade em alguns estados. Plataformas baseadas em BIM (Building Information Modeling) permitem acompanhar em tempo real o andamento físico e financeiro dos projetos, reduzindo desperdícios e aumentando a transparência.
Além disso, a participação social é uma ferramenta poderosa. Cidadãos informados e engajados podem atuar como fiscais indiretos das obras públicas, acompanhando cronogramas, custos e qualidade por meio de portais de transparência ou aplicativos. Quando a sociedade participa, a cultura da impunidade e da ineficiência tende a se enfraquecer.
Obras públicas eficientes são a base do desenvolvimento. Cada escola concluída, cada ponte entregue e cada unidade de saúde em funcionamento representa dignidade, acesso e oportunidade para milhares de pessoas. No entanto, para que isso aconteça, é preciso romper o ciclo da improvisação e investir em planejamento, transparência e inovação.
O Brasil não precisa de mais obras iniciadas — precisa de obras concluídas, bem-feitas e que cumpram sua função social. Quando o interesse público se sobrepõe aos interesses particulares, o resultado aparece nas ruas, nas comunidades e na vida das pessoas. O verdadeiro progresso começa quando o dinheiro público deixa de ser gasto e passa a ser investido com propósito e responsabilidade.
Foto: Reprodução Quando falamos em construção civil, a primeira imagem que vem à mente de muitos é a do canteiro de obras: operários, máquinas pesadas, andaimes. E, infelizmente, ainda é comum lembrar também dos riscos. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Brasil está entre os países que mais registram acidentes de trabalho no mundo, com cerca de 700 mil ocorrências por ano. A construção civil figura como um dos setores mais perigosos.
Esses números revelam um grande desafio: como transformar segurança em prioridade, não apenas como exigência legal, mas como parte da cultura das empresas?
Muitos gestores ainda enxergam a segurança do trabalho como custo. Porém, pesquisas mostram o contrário: a cada real investido em prevenção, economiza-se até R$ 4 em despesas futuras, considerando indenizações, retrabalho e atrasos.
Acidentes impactam diretamente no cronograma da obra, geram afastamentos, desmotivam equipes e afetam a reputação da empresa. Em alguns casos, podem inclusive inviabilizar contratos e resultar em processos judiciais.
Garantir segurança não é complicado. Algumas medidas práticas fazem diferença:
A segurança do trabalho precisa ser entendida como investimento em vidas, produtividade e credibilidade. Empresas que colocam a segurança em primeiro lugar constroem não apenas edifícios, mas também respeito e confiança.

Construção em foco
Antonio Mendes Gazola é engenheiro civil, formado pela Unisul em 2014. Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho (Unicam, 2015) e pós-graduado em Gerenciamento de Obras, Qualidade e Desempenho pelo IPOG (2016). Atuou por cinco anos no serviço público, adquirindo ampla experiência em gestão e fiscalização de obras. Desde 2017, empreende na construção civil, com foco em projetos imobiliários inovadores e na busca por soluções que unam eficiência e qualidade. Atualmente, além de sua atuação empresarial, compartilha conhecimento e reflexões sobre engenharia, habitação e mercado imobiliário em sua coluna semanal, voltada a aproximar o leitor do universo da construção civil de forma prática e acessível.
Av. Marcolino Martins Cabral, nº 2238 – Sala 02, bairro Vila Moema, CEP 88705-000, Tubarão - SC
Fone: 3192-0919
E-mail: [email protected]