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COLUNISTAS

Sustentabilidade na Construção Civil: De Tendência a Necessidade

01/10/2025 10h40 | Atualizada em 01/10/2025 10h40 | Por: Antonio Mendes Gazola
Foto: Reprodução

Quando pensamos em sustentabilidade, muitas vezes lembramos de reciclagem de lixo ou economia de água em casa. No entanto, poucas pessoas se dão conta de que um dos setores que mais impacta o meio ambiente é justamente a construção civil. De acordo com a ONU, o setor é responsável por cerca de 40% do consumo global de energia e por 50% da geração de resíduos sólidos urbanos. No Brasil, a situação não é diferente: segundo a ABRELPE (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), somente em 2023 foram gerados mais de 100 milhões de toneladas de resíduos de construção e demolição.

Esses números mostram que sustentabilidade na construção civil não é mais uma escolha ou tendência passageira, mas uma exigência. Incorporar práticas mais conscientes significa reduzir custos, melhorar a qualidade de vida dos usuários e, ao mesmo tempo, preservar recursos para as próximas gerações.

Felizmente, o mercado já oferece alternativas concretas para reduzir os impactos ambientais:

  • Blocos de solo-cimento: produzidos sem necessidade de queima em fornos, reduzem significativamente a emissão de CO₂.
  • Madeira de reflorestamento certificada (FSC): substitui madeiras nobres, garantindo rastreabilidade e preservação das florestas nativas.
  • Concreto reciclado: aproveita resíduos da própria obra ou de demolições, diminuindo o volume destinado a aterros.
  • Tintas ecológicas: com baixo índice de compostos orgânicos voláteis (COV), melhoram a qualidade do ar interno e reduzem impactos na saúde.

Além dos materiais, há soluções de projeto que agregam sustentabilidade de forma inteligente:

  • Aproveitamento da iluminação e ventilação naturais, reduzindo a necessidade de energia elétrica.
  • Telhados verdes, que melhoram o conforto térmico e retêm parte da água da chuva.
  • Sistemas de aquecimento solar e painéis fotovoltaicos, que diminuem o consumo de energia convencional.
  • Reuso de água da chuva para irrigação e uso em bacias sanitárias.

Uma percepção equivocada é a de que construir de forma sustentável é mais caro. De fato, algumas soluções exigem investimento inicial maior, mas estudos demonstram que o retorno é rápido. O Green Building Council Brasil aponta que edifícios com certificações ambientais podem reduzir até 30% no consumo de energia e 50% no consumo de água. Além disso, esses imóveis se valorizam mais no mercado, justamente porque oferecem custos condominiais menores e atraem um público consciente.

Em condomínios residenciais, por exemplo, já é comum encontrar projetos que incluem medição individualizada de água e energia, bicicletários e áreas verdes planejadas. Essas medidas, aparentemente simples, geram economias que se acumulam ao longo dos anos e fortalecem o senso de comunidade.

No exterior, países como Alemanha e Dinamarca já alcançaram patamares avançados de sustentabilidade, investindo em prédios de energia quase zero (net zero buildings), que produzem tanto quanto consomem.

Sustentabilidade deixou de ser diferencial de marketing e passou a ser critério essencial em qualquer empreendimento de qualidade. Profissionais e empresas que não se adaptarem a essa nova realidade correm o risco de ficar para trás, tanto em competitividade quanto em relevância.

O futuro da construção civil depende de nossas escolhas hoje. Cabe a nós, engenheiros, arquitetos e gestores, adotar práticas mais conscientes, mostrar aos clientes as vantagens financeiras e ambientais e liderar a transformação que o mundo exige. Afinal, construir com responsabilidade não é apenas erguer paredes, mas construir um futuro possível para todos.

O Futuro da Habitação no Brasil: menos metros quadrados, mais qualidade de vida

24/09/2025 10h15 | Atualizada em 24/09/2025 10h14 | Por: Antonio Mendes Gazola
Foto: Reprodução

Nos últimos anos, o conceito de “lar” passou por transformações profundas. Se antes o sonho da casa própria estava diretamente ligado a grandes metragens, quintal espaçoso e garagem para dois carros, hoje a realidade é bem diferente. As mudanças sociais, culturais e econômicas estão redefinindo a forma como moramos e como enxergamos a habitação.

De acordo com dados do IBGE, mais de 85% da população brasileira já vive em áreas urbanas, e a tendência é de crescimento. Essa urbanização acelerada encarece o solo nas regiões centrais, o que impulsiona o mercado a repensar projetos, criando imóveis mais compactos e funcionais. Além disso, as novas gerações, especialmente os millennials e a geração Z, demonstram outras prioridades: praticidade, mobilidade, conectividade e acesso a serviços são mais valorizados do que a metragem privativa.

Em grandes centros como São Paulo e Curitiba, os lançamentos de apartamentos com menos de 40 m² cresceram mais de 300% na última década, segundo levantamento da Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias). Esse formato chega agora a cidades médias, atraindo jovens profissionais e investidores.

O segredo desses projetos está no bom aproveitamento dos espaços: plantas inteligentes, integração entre ambientes e áreas comuns bem planejadas. Salão de festas, coworkings, academias e lavanderias compartilhadas passam a ser extensão do apartamento. Ou seja, perde-se em área privativa, mas ganha-se em qualidade de vida coletiva.

Outro movimento que começa a ganhar força no Brasil é o coliving. Nele, moradores compartilham espaços como cozinhas, salas e até escritórios, mantendo apenas quartos privativos. Essa modalidade é muito comum na Europa e nos Estados Unidos e já começa a aparecer em cidades universitárias brasileiras, como Florianópolis e Belo Horizonte.

O coliving reduz custos, combate a solidão urbana e estimula o senso de comunidade. Para investidores, é um modelo rentável, pois permite maior densidade habitacional em áreas bem localizadas.

Embora essas tendências sejam mais visíveis nas capitais, cidades médias como Tubarão, Criciúma e Laguna já começam a sentir os efeitos. Jovens casais, investidores e aposentados buscam imóveis menores, bem localizados e com áreas comuns funcionais. Isso abre espaço para novos empreendimentos no formato de condomínios clube compactos, que unem preço acessível e infraestrutura de lazer.

O futuro da habitação no Brasil não está apenas em reduzir metros quadrados, mas em reinventar a forma de viver. Estamos caminhando para uma moradia mais prática, sustentável e coletiva. É um desafio para construtores, arquitetos e engenheiros, mas também uma oportunidade para inovar e atender às novas demandas da sociedade.

Talvez, no futuro próximo, não falaremos mais em “ter uma casa grande”, mas sim em “morar bem”, com qualidade de vida, segurança e integração comunitária. Afinal, habitar vai muito além de ocupar um espaço físico: é construir experiências e pertencimento.

Antonio Mendes Gazola

Construção em foco

Antonio Mendes Gazola é engenheiro civil, formado pela Unisul em 2014. Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho (Unicam, 2015) e pós-graduado em Gerenciamento de Obras, Qualidade e Desempenho pelo IPOG (2016). Atuou por cinco anos no serviço público, adquirindo ampla experiência em gestão e fiscalização de obras. Desde 2017, empreende na construção civil, com foco em projetos imobiliários inovadores e na busca por soluções que unam eficiência e qualidade. Atualmente, além de sua atuação empresarial, compartilha conhecimento e reflexões sobre engenharia, habitação e mercado imobiliário em sua coluna semanal, voltada a aproximar o leitor do universo da construção civil de forma prática e acessível.

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