Foto: Reprodução Nos últimos anos, o conceito de “lar” passou por transformações profundas. Se antes o sonho da casa própria estava diretamente ligado a grandes metragens, quintal espaçoso e garagem para dois carros, hoje a realidade é bem diferente. As mudanças sociais, culturais e econômicas estão redefinindo a forma como moramos e como enxergamos a habitação.
De acordo com dados do IBGE, mais de 85% da população brasileira já vive em áreas urbanas, e a tendência é de crescimento. Essa urbanização acelerada encarece o solo nas regiões centrais, o que impulsiona o mercado a repensar projetos, criando imóveis mais compactos e funcionais. Além disso, as novas gerações, especialmente os millennials e a geração Z, demonstram outras prioridades: praticidade, mobilidade, conectividade e acesso a serviços são mais valorizados do que a metragem privativa.
Em grandes centros como São Paulo e Curitiba, os lançamentos de apartamentos com menos de 40 m² cresceram mais de 300% na última década, segundo levantamento da Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias). Esse formato chega agora a cidades médias, atraindo jovens profissionais e investidores.
O segredo desses projetos está no bom aproveitamento dos espaços: plantas inteligentes, integração entre ambientes e áreas comuns bem planejadas. Salão de festas, coworkings, academias e lavanderias compartilhadas passam a ser extensão do apartamento. Ou seja, perde-se em área privativa, mas ganha-se em qualidade de vida coletiva.
Outro movimento que começa a ganhar força no Brasil é o coliving. Nele, moradores compartilham espaços como cozinhas, salas e até escritórios, mantendo apenas quartos privativos. Essa modalidade é muito comum na Europa e nos Estados Unidos e já começa a aparecer em cidades universitárias brasileiras, como Florianópolis e Belo Horizonte.
O coliving reduz custos, combate a solidão urbana e estimula o senso de comunidade. Para investidores, é um modelo rentável, pois permite maior densidade habitacional em áreas bem localizadas.
Embora essas tendências sejam mais visíveis nas capitais, cidades médias como Tubarão, Criciúma e Laguna já começam a sentir os efeitos. Jovens casais, investidores e aposentados buscam imóveis menores, bem localizados e com áreas comuns funcionais. Isso abre espaço para novos empreendimentos no formato de condomínios clube compactos, que unem preço acessível e infraestrutura de lazer.
O futuro da habitação no Brasil não está apenas em reduzir metros quadrados, mas em reinventar a forma de viver. Estamos caminhando para uma moradia mais prática, sustentável e coletiva. É um desafio para construtores, arquitetos e engenheiros, mas também uma oportunidade para inovar e atender às novas demandas da sociedade.
Talvez, no futuro próximo, não falaremos mais em “ter uma casa grande”, mas sim em “morar bem”, com qualidade de vida, segurança e integração comunitária. Afinal, habitar vai muito além de ocupar um espaço físico: é construir experiências e pertencimento.

Construção em foco
Antonio Mendes Gazola é engenheiro civil, formado pela Unisul em 2014. Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho (Unicam, 2015) e pós-graduado em Gerenciamento de Obras, Qualidade e Desempenho pelo IPOG (2016). Atuou por cinco anos no serviço público, adquirindo ampla experiência em gestão e fiscalização de obras. Desde 2017, empreende na construção civil, com foco em projetos imobiliários inovadores e na busca por soluções que unam eficiência e qualidade. Atualmente, além de sua atuação empresarial, compartilha conhecimento e reflexões sobre engenharia, habitação e mercado imobiliário em sua coluna semanal, voltada a aproximar o leitor do universo da construção civil de forma prática e acessível.
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