Foto: Victor Guterres Quando pensamos em qualidade de vida, geralmente lembramos de fatores como alimentação, saúde, trabalho e lazer. Mas há um elemento silencioso, que molda todos esses aspectos sem que percebamos: a cidade.
As ruas que percorremos, os espaços que ocupamos, a forma como nos deslocamos e até o modo como convivemos socialmente — tudo é influenciado pelo urbanismo.
O urbanismo é o “fio invisível” que costura a vida em comunidade. Uma cidade bem planejada potencializa oportunidades; uma cidade mal planejada limita o desenvolvimento e amplia desigualdades.
Nos últimos anos, ficou cada vez mais claro que o urbanismo não é apenas uma questão estética ou organizacional. É política pública de impacto direto na saúde, na segurança e na economia.
Bairros com calçadas amplas, acessíveis e contínuas convidam as pessoas a caminhar. Ciclovias bem conectadas estimulam o uso da bicicleta não apenas como lazer, mas como meio de transporte.
Essas escolhas simples reduzem o trânsito, diminuem a poluição e elevam a qualidade de vida.
Por outro lado, bairros sem calçadas, sem ordenamento viário e sem transporte coletivo eficiente tendem a gerar congestionamentos, sedentarismo, isolamento, maior risco de acidentes.
A iluminação pública, o desenho das ruas, a presença de pessoas caminhando e a diversidade de usos (residências, comércio, serviços) criam ambientes mais seguros.
Segundo estudo do Ipea, cada 1% de aumento na arborização urbana pode reduzir em até 0,5°C a temperatura média da cidade, diminuindo o consumo de energia elétrica e melhorando o conforto térmico.
Além disso, áreas verdes: reduzem doenças respiratórias, ampliam a permeabilidade do solo (evitando enchentes) e criam espaços de convivência intergeracional.
Outro ponto pouco discutido é como o urbanismo impacta o bolso dos moradores e investidores.
Bairros planejados tendem a apresentar: vias bem estruturadas, equipamentos urbanos próximos, melhor mobilidade, maior sensação de segurança.
O resultado é direto: valorizam mais e de forma mais estável.
Dados apontam que cidades planejadas podem ter até 20% mais valorização imobiliária do que áreas desenvolvidas sem ordenamento.
Ou seja, investir em planejamento urbano não é apenas uma questão de conforto — é também uma decisão inteligente do ponto de vista econômico.
Uma cidade bem planejada é uma ferramenta poderosa para promover saúde, segurança, inclusão social, desenvolvimento econômico e qualidade de vida.
Investir em bons projetos urbanos é, acima de tudo, investir nas pessoas.
E lembrar sempre: a cidade é um bem coletivo.
Quanto mais bem cuidada, mais ela retribui.

Construção em foco
Antonio Mendes Gazola é engenheiro civil, formado pela Unisul em 2014. Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho (Unicam, 2015) e pós-graduado em Gerenciamento de Obras, Qualidade e Desempenho pelo IPOG (2016). Atuou por cinco anos no serviço público, adquirindo ampla experiência em gestão e fiscalização de obras. Desde 2017, empreende na construção civil, com foco em projetos imobiliários inovadores e na busca por soluções que unam eficiência e qualidade. Atualmente, além de sua atuação empresarial, compartilha conhecimento e reflexões sobre engenharia, habitação e mercado imobiliário em sua coluna semanal, voltada a aproximar o leitor do universo da construção civil de forma prática e acessível.
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