Mandados foram cumpridos em SC e RS; dois suspeitos continuam foragidos.
Foto: Polícia Civil/Divulgação A Polícia Civil de Santa Catarina deflagrou na madrugada desta terça-feira (2) a operação Barbacena, com foco em desarticular um esquema criminoso que promovia internações forçadas e irregulares em clínicas de reabilitação. A ação, conduzida pela Delegacia de Polícia da Comarca de Imbituba, cumpriu cinco mandados de busca e apreensão em Garopaba, Itapema, Balneário Camboriú e Porto Alegre, além de efetuar a prisão preventiva de um dos investigados. Outros dois suspeitos permanecem foragidos.
O inquérito teve início em outubro, após policiais civis acompanharem uma fiscalização da Prefeitura de Imbituba e receberem relatos de pacientes que estavam internados contra a vontade e submetidos a maus-tratos. Segundo a investigação, as vítimas eram abordadas por homens vestidos de preto, que em algumas situações se identificavam como policiais. As remoções ocorriam mediante ameaça, uso de força física, golpes de imobilização e administração de sedativos antes da condução às clínicas.
As equipes constataram que os pacientes tinham a saída voluntária negada e eram submetidos a contenções, agressões físicas e aplicação de medicamentos como forma de disciplina. A alimentação era insuficiente e faltavam condições básicas de higiene. Segundo relatório da Vigilância Sanitária de Imbituba, também não havia controle médico sobre os remédios administrados, parte deles aplicada por outros internos que atuavam como auxiliares. Não foram encontrados registros adequados dos pacientes no local.
A investigação identificou ainda um esquema de agenciamento para os serviços de “remoção”, com atuação em unidades mantidas pelo grupo em Itapema, Garopaba, Imbituba e Itapoá. Os familiares das vítimas pagavam cerca de R$ 3 mil mensais pela internação, enquanto as remoções custavam aproximadamente R$ 5 mil. Quando surgiam denúncias sobre alguma unidade, os pacientes eram transferidos para outra clínica do mesmo grupo. Parte dos investigados ostentava padrão de vida elevado, com veículos importados, e dois deles já respondiam a processo por sequestro, estando proibidos judicialmente de realizar práticas desse tipo.
A Justiça determinou o bloqueio de valores, imóveis e veículos de luxo que somam mais de R$ 1 milhão. O nome da operação faz referência ao Hospital Colônia de Barbacena, em Minas Gerais, símbolo das violações de direitos humanos no tratamento de pessoas com transtornos mentais no país. As diligências seguem em andamento com apoio de unidades da Polícia Civil de Santa Catarina, da Polícia Civil do Rio Grande do Sul e da Polícia Militar de Santa Catarina.
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