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Economia

Crise do Arroz e Resiliência do Cooperativismo: Copagro Anuncia Investimento de R$ 80 Milhões em Meio à Turbulência Global

Em entrevista à Rádio Litoral, Dionísio Bressan destaca os principais desafios enfrentados no setor de rizicultura no estado de SC

Tubarão, 28/11/2025 14h38 | Por: Redação
Foto: Reprodução

O presidente da Cooperativa Agropecuária de Tubarão e Região (Copagro), Dionísio Bressan, descreveu a atual crise do arroz como um momento de "bicho pegando muito forte" para o agronegócio regional e mundial. Em entrevista, Bressan detalhou o impacto da superoferta global na rentabilidade do produtor e, ao mesmo tempo, surpreendeu ao confirmar a manutenção de um investimento de R$ 80 milhões em um novo complexo industrial.

O Ciclo Vicioso do Arroz e a Quebradeira Iminente

Dionísio Bressan explicou que a atividade agrícola, em especial a rizicultura, é regida por ciclos econômicos que duram de três a cinco anos. A fase atual é de baixa, intensificada por fatores globais:

Superprodução Global: A alta nos preços do arroz durante a pandemia (chegando a R$ 120 a saca no Brasil) atraiu produtores de todo o mundo, incluindo novas áreas de plantio (como pivô no Centro-Oeste brasileiro) e o crescimento exponencial da produção em países como a Índia (que se tornou a maior produtora mundial, superando a China).

Excesso de Oferta no Mercosul: Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai produziram juntos 17 milhões de toneladas, um excedente de 4 milhões de toneladas sobre a média.

Colapso dos Preços: A superoferta global fez o preço internacional despencar. A saca de arroz em casca, que chegou a R$ 120, hoje é comercializada a cerca de R$ 48 – um valor que não cobre o custo de produção. O preço ideal para cobrir os custos e ser acessível ao consumidor estaria entre R$ 70 e R$ 80.

Bressan estima que a região da AMUREL, que planta cerca de 20 mil hectares de arroz, terá um prejuízo de aproximadamente R$ 40 milhões nesta safra, por conta do desequilíbrio entre custo e preço de venda.

"O bicho pegou realmente... o produtor vai perder 40 milhões de reais a região da Amurel nessa próxima safra de arroz," lamentou Bressan.

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O Risco de 2026

O presidente da Copagro alertou que 2026 será pior que 2025. O preço médio obtido por alguns produtores neste ano foi amortecido por vendas a preços mais altos no início da safra (fevereiro); no próximo ano, o ciclo já começará com a baixa nos preços, inviabilizando a atividade para muitos.

Bressan enfatizou que a solução para a crise deve vir do próprio produtor, através da redução da área plantada e da oferta, o que deve levar de dois a três anos para surtir efeito. Ele criticou o "aventureiro" que entra e sai da atividade em busca de lucro rápido, pois é esse comportamento que desestabiliza o mercado.

Resiliência da Copagro: Investimento de R$ 80 Milhões

Em um ato de coragem e planejamento de longo prazo, Bressan confirmou que a Copagro não recuará em seus planos de modernização, mesmo em meio à crise. A cooperativa mantém o investimento de cerca de R$ 80 milhões na implantação de um novo complexo industrial no São Cristóvão.

O novo complexo irá absorver toda a estrutura industrial do São João, incluindo:

  • Armazenagem
  • Indústria de Beneficiamento de Arroz (branco e parboilizado)
  • Fábrica de Rações Animais

O investimento visa aumentar a eficiência e o aproveitamento máximo dos insumos. A fábrica de rações utilizará todo o resíduo do arroz – casca, farelo e quirera (que juntos somam cerca de 32% do grão processado) – transformando-o em ração para diversas aplicações, desde pet a gado e peixes.

A Força do Cooperativismo Catarinense

Dionísio Bressan fez questão de destacar que o sistema cooperativista de Santa Catarina é o melhor do Brasil em termos proporcionais, atuando de forma exemplar em diversos setores: agronegócio (citando a central Aurora), saúde (Unimed, Uniodonto), infraestrutura (cooperativas de eletrificação rural) e crédito (Sicoob, Sicredi).

O presidente da Copagro reforçou que, apesar do ano de 2025 fechar com um "vermelho grande" para a cooperativa, a resiliência e o foco na gestão de longo prazo são essenciais para que os produtores e a própria cooperativa sobrevivam à crise e estejam prontos para o próximo ciclo de alta.

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