Foto: Divulgação “Pagar imposto é roubo”. Essa frase, que circula em mesas de bar, redes sociais e até em discursos políticos, é uma das provocações mais polêmicas do nosso tempo. Afinal, vivemos em um dos países com maior carga tributária do mundo — trabalhamos até maio ou junho só para pagar impostos — e, mesmo assim, convivemos diariamente com buracos na rua, filas no hospital e escolas que não entregam o básico.
Mas será que pagar imposto é mesmo roubo? Tecnicamente, não. O imposto é uma obrigação prevista na Constituição, um instrumento legítimo de arrecadação do Estado. O problema não está em pagar, mas em como o dinheiro arrecadado é usado. A sensação de “roubo” nasce da má gestão, da corrupção e da falta de retorno em serviços públicos de qualidade.
Nos países nórdicos, por exemplo, a carga tributária também é altíssima. A diferença é que lá o cidadão enxerga o retorno: saúde universal, educação de ponta, segurança eficiente. No Brasil, pagamos muito e recebemos pouco. Daí a revolta.
O futuro nos reserva uma mudança importante: a Reforma Tributária. Ela promete simplificar o sistema, unificando impostos como ICMS, ISS, PIS e Cofins em um IVA (Imposto sobre Valor Agregado). A promessa é reduzir burocracia e dar mais transparência. Mas ainda pairam dúvidas: fala-se em alíquotas elevadas, na casa dos 26% a 27%, e setores como serviços e agro podem sentir aumento de carga. Ou seja, a Reforma pode diminuir o emaranhado de regras, mas não necessariamente reduzir o peso no bolso.
O cidadão não se revolta por pagar imposto. Ele se revolta por pagar caro, sem retorno, em um sistema injusto e desigual. Se a Reforma cumprir o que promete, talvez possamos aposentar a frase “pagar imposto é roubo”. Se não, ela continuará ecoando com ainda mais força.
No fim das contas, a provocação precisa ficar: não é o imposto que rouba, é a má gestão do dinheiro público que nos faz sentir roubados.
“Pagar imposto não é roubo; roubo é pagar e não ver retorno.”

Maurício Dobiez
Formado em Ciências Contábeis e Pós-Graduado em Gerência Contábil, foi professor universitário por 8 anos. É sócio da HOLD Contabilidade e da Terceirizou – Terceirização Financeira, além de atuar como investidor em empresas de segmentos diversificados. Colunista do jornal Folha Regional e da Rádio Hiper, também é diretor em duas Associações de Mútuo Benefícios. Foi presidente do Hercílio Luz Futebol Clube e exerceu cargos de liderança no CEJESC e na AJET, consolidando uma trajetória de gestão e representatividade.
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