Foto: Reprodução A Netflix teve um ano espetacular. Crescimento de 17%, receita recorde, milhões de novos assinantes. Tudo caminhava para mais um final feliz — até o roteiro brasileiro mudar o desfecho.
Na última divulgação de resultados, a empresa revelou uma despesa inesperada de US$ 619 milhões relacionada a uma disputa tributária no Brasil. O impacto foi tão grande que, mesmo com lucros e faturamento em alta, as ações despencaram quase 10% em Wall Street.
O motivo? Um velho conhecido de quem empreende por aqui: a CIDE-Tecnologia, contribuição federal cobrada sobre remessas de serviços e tecnologia para o exterior. Na prática, o Brasil entendeu que a Netflix deveria pagar imposto sobre boa parte do que envia à sua matriz — e a conta veio retroativa.
Quando o sucesso vira punição
É curioso observar como, no Brasil, crescer é quase uma provocação ao sistema tributário.
Empresas de tecnologia, inovação e streaming são celebradas pela capacidade de gerar valor, mas logo descobrem que, no nosso enredo, quem fatura mais também atrai mais burocracia, interpretações duvidosas e surpresas fiscais.
O caso da Netflix mostra o custo de operar em um país que ainda trata o contribuinte como inimigo. O imposto não é o problema — o problema é a imprevisibilidade, a insegurança jurídica e a falta de coerência entre o que o Estado cobra e o que entrega.
O reflexo no mercado
Quando uma gigante global é surpreendida por uma cobrança retroativa de centenas de milhões, o recado para investidores é claro:
“Se até a Netflix sofre com a confusão tributária brasileira, imagine o pequeno empresário.”
E é isso que derruba a confiança, afasta investimentos e trava o crescimento. O Brasil precisa entender que segurança jurídica não é um luxo — é o mínimo para quem quer empreender e gerar riqueza.
No fim das contas:
O imposto é necessário. O que não é aceitável é o roteiro de terror fiscal que empresas enfrentam por aqui.
O caso da Netflix é simbólico: mostra que nem o gigante do streaming escapou do nosso labirinto tributário.
E se até quem tem bilhão em caixa sofre para entender o fisco brasileiro, quem dirá o empreendedor que tenta sobreviver com um CNPJ e um sonho.
Lição para o Brasil:
“Enquanto o Estado enxergar arrecadação como fim — e não como meio —, sempre teremos histórias de sucesso interrompidas pela burocracia.”

Maurício Dobiez
Formado em Ciências Contábeis e Pós-Graduado em Gerência Contábil, foi professor universitário por 8 anos. É sócio da HOLD Contabilidade e da Terceirizou – Terceirização Financeira, além de atuar como investidor em empresas de segmentos diversificados. Colunista do jornal Folha Regional e da Rádio Hiper, também é diretor em duas Associações de Mútuo Benefícios. Foi presidente do Hercílio Luz Futebol Clube e exerceu cargos de liderança no CEJESC e na AJET, consolidando uma trajetória de gestão e representatividade.
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