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COLUNISTAS

Desafios e oportunidades na adoção da IA

15/10/2025 14h10 | Atualizada em 15/10/2025 14h09 | Por: Levi Tancredo
Foto: Reprodução

A adoção de inteligência artificial (IA) vem avançando rapidamente, mas os ganhos financeiros nem sempre acompanham as expectativas. Relatórios recentes de consultorias norte‑americanas têm destacado que a monetização da IA enfrenta obstáculos práticos que vão além da tecnologia em si. A seguir, organizei os principais pontos para você leitor entender o cenário e tomar decisões mais assertivas.

Precificação e adoção: onde a conta não fecha

  • Empresas têm sentido que o preço é uma variável difícil de prever, mas o problema não é apenas a imprevisibilidade do custo por chamada de modelo. O desafio maior está em como estruturar a oferta:
  • Empacotamento de valor: simplesmente “adicionar IA” ao produto não comunica o benefício. É mais eficaz criar camadas (tiers) com capacidades claras, como copilotos, automações e análises avançadas, atreladas a resultados (tempo economizado, tarefas automatizadas, precisão).
  • Métricas de uso controláveis: definir limites e cotas por usuário, por projeto ou por volume de tokens ajuda a reduzir o risco para o cliente e traz previsibilidade para ambos os lados.
  • Experiência do usuário: muitos clientes ainda não sabem “pedir” à IA. Sem onboarding, tutoriais e exemplos práticos, a percepção de valor cai e o custo por resultado sobe.

Escalabilidade pós-implantação: do piloto ao produto

Levar um protótipo de IA para produção é diferente de ter uma funcionalidade sustentável:

  • Variabilidade do modelo: respostas dependem do prompt e da base de dados. Mudanças sutis no contexto geram custos e resultados distintos.
  • Observabilidade e monitoramento: é preciso medir qualidade (precisão, cobertura, latência), custo por tarefa e taxas de retrabalho, com feedback loops para ajuste de prompts, políticas e dados.
  • Segurança e governança: controlar acessos, logs, retenção de dados e anonimização evita riscos operacionais e regulatórios.

Treinamento e monitoramento: o fator humano

Mesmo com bons modelos, o uso incorreto pode elevar custos e enviesar decisões:

  • Capacitação contínua: guias de prompts, playbooks por área (suporte, vendas, engenharia), exemplos de “antes/depois” e oficinas práticas aceleram a adoção.
  • Guardrails: limites de contexto, validações automáticas, checagens de fontes e workflows de aprovação reduzem erros e uso indevido.
  • Métricas de adoção: acompanhar quem usa, para quê e com qual resultado ajuda a priorizar melhorias e a justificar investimentos.

Complexidades inerentes da aplicação de IA

Aplicar IA ainda é, em parte, um exercício de engenharia experimental:

  • Dependência do dado: a qualidade e a cobertura do data lake/warehouse determinam o teto de desempenho. Sem curadoria e taxonomias claras, o ganho é limitado.
  • Custo versus benefício: uso excessivo ou inadequado (prompts longos, contextos redundantes) infla a fatura sem aumentar a acurácia. O retorno financeiro pode demorar se não houver metas e métricas de eficiência.

Lições estratégicas: o caso dos sistemas móveis

A história recente mostra que perder uma onda tecnológica sai caro. Quando a Microsoft subestimou o mercado de sistemas operacionais móveis, Android e iOS consolidaram a liderança. A transição para nuvem e apps móveis redefiniu o terreno competitivo. Hoje, a empresa investe fortemente em copilotos e IA para manter relevância — um movimento que ilustra a importância de agir cedo, mas com prudência e foco em valor real.

Caminho prático para empresas de SaaS

  • Comece pequeno, com metas claras: escolha 1–2 casos de uso com “linha de chegada” mensurável (ex.: reduzir tempo de resposta em 30% no suporte).
  • Estruture preços por valor e limites: tiers claros, cotas de uso e preços previsíveis por unidade de resultado (ticket resolvido, documento resumido).
  • Invista em dados e monitoramento: pipelines confiáveis, métricas de qualidade/custo e alertas para regressões.
  • Capacite usuários: treinamentos recorrentes, templates de prompts e exemplos por função.
  • Revise o ROI trimestralmente: avalie custo por tarefa, adoção, impacto no churn e no upsell. Ajuste modelos, prompts e pacotes.
  • Mantenha cautela e flexibilidade: o ritmo da tecnologia é alto. Evite lock-in desnecessário, teste múltiplos modelos (quando possível) e documente lições aprendidas.

A IA oferece ganhos concretos, mas exige disciplina operacional, boa engenharia de dados e um desenho de produto e preço centrado em resultados. Com metas realistas, governança e foco no usuário, a transição tende a ser mais segura — e os retornos, mais consistentes.
 

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Levi Tancredo

Espaçotec

Especialista em Sistemas de Informação, certificado pela Google e Oracle, com mais de 25 anos de experiência em tecnologia. Pós-graduado em Redes, Engenharia de Software e Gestão Empresarial, é professor há mais de 15 anos e colunista do Espaçotec. Atua como mentor, líder técnico e educador, ajudando pessoas e empresas a crescerem com organização, planejamento e inovação. Apaixonado por eletrônica, une prática e criatividade em tudo o que faz.

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