Diretor-presidente da Ferrovia Tereza Cristina, Benoni Schmitz defende que o futuro logístico de Santa Catarina depende da integração entre rodovias, ferrovias e portos.
Foto: Reprodução O diretor-presidente da Ferrovia Tereza Cristina (FTC), Benoni Schmitz, destacou, em entrevista ao Jornal Litoral, a importância do modal ferroviário para o desenvolvimento logístico de Santa Catarina e a necessidade de um planejamento conjunto entre governo, sociedade e iniciativa privada para garantir o futuro das ferrovias no Estado.
Engenheiro, administrador e advogado, Benoni comanda a FTC desde 1997 — empresa que completa 140 anos de história e é considerada uma das mais emblemáticas do Sul catarinense. Atualmente, a ferrovia transporta carvão e contêineres entre Imbituba e Siderópolis, movimentando cerca de 200 mil toneladas por mês.
Segundo ele, se esse transporte fosse feito por rodovias, a BR-101 teria de receber mais de 300 caminhões por dia, o que geraria impacto direto no trânsito e na segurança viária.
“Se a ferrovia não existisse, teríamos 300 caminhões indo e voltando todos os dias pela BR-101. A ferrovia é essencial para o escoamento de grandes volumes e para aliviar o tráfego rodoviário”, destacou.
O desafio da malha ferroviária brasileira
Durante a entrevista, Schmitz fez uma análise sobre o cenário nacional das ferrovias. O Brasil, que já teve cerca de 30 mil quilômetros de trilhos operando plenamente, hoje conta com apenas 10 mil quilômetros ativos.
“O país precisa definir que modelo quer seguir. A China, por exemplo, tinha uma malha semelhante à nossa nos anos 1980 e hoje tem mais de 100 mil quilômetros de trens de alta velocidade. Nós ficamos parados no tempo”, afirmou.
Ele lembrou que o modal ferroviário exige investimentos intensivos em infraestrutura, o que muitas vezes afasta o interesse privado. Diferente das rodovias, que contam com obras financiadas pelo Estado, a ferrovia precisa construir toda sua estrutura de operação — dos trilhos às estações.
Estudos e investimentos
Schmitz também comentou os avanços do estudo de viabilidade conduzido pelo consórcio Enefer-ST, contratado pela Secretaria de Estado da Infraestrutura, que visa mapear o sistema ferroviário catarinense. Segundo ele, a Ferrovia Tereza Cristina já investiu cerca de R$ 20 milhões em sua estrutura, buscando modernizar o transporte e manter a operação eficiente.
O estudo avalia dois eixos principais: uma ferrovia litorânea, ligando o Sul ao Norte do Estado, e uma ferrovia leste-oeste, conectando o interior à faixa costeira.
“Privatizar completamente o sistema ainda é inviável. Santa Catarina não tem volume de carga suficiente para sustentar economicamente uma nova malha sem apoio público. O caminho é uma parceria público-privada”, explicou.
A importância da intermodalidade
Para o diretor-presidente da FTC, o futuro da logística catarinense passa pela integração entre modais, unindo o transporte rodoviário, ferroviário e marítimo.
“Não faz sentido um caminhão sair daqui e ir até o Nordeste levando arroz. O ideal é que o transporte rodoviário traga até o terminal, a ferrovia leve ao porto e o navio siga até o destino. Isso reduz custos e aumenta a eficiência”, argumentou.
Schmitz reforçou que o transporte ferroviário deve se concentrar em grandes volumes e longas distâncias, deixando o rodoviário para percursos curtos e complementares.
Relevância regional
Além de movimentar a economia, a Ferrovia Tereza Cristina tem papel fundamental na sustentabilidade e segurança do tráfego regional. Com operações que evitam centenas de caminhões nas estradas diariamente, a empresa contribui para a redução de emissões de poluentes e diminuição de acidentes.
“O sistema ferroviário precisa voltar a ser prioridade nacional. É um investimento que traz retorno logístico, ambiental e social”, concluiu Benoni Schmitz.
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