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COLUNISTAS

Duas orquestras pra chamar de nossas

27/06/2025 15h41 | Atualizada em 27/06/2025 17h38 | Por: Tom Belmonte
Foto: Orquestra Santa Teresinha

A música sustenta a humanidade em seus momentos mais belos e também é alimento e combustível de esperança em tempos obscuros. E aqui salta uma pergunta: você imagina a vida sem as cores, sabores e humores da música? Tenho a absoluta certeza que não. E na coluna de hoje vou me debruçar num estilo bem particular da música, talvez a sua faceta mais completa e lírica. Falo da música erudita, que por bênção, competência e trabalho árduo de muitos, têm duas representações de peso em Tubarão e região. 

Mas quando falamos em música erudita é preciso antes irmos à palavra Erudição, originária do termo latino “eruditione”. Em síntese, é uma instrução vasta e variada, adquirida sobretudo pela leitura e o estudo, direcionada a um conhecimento de cunho acadêmico. Essa música surgiu dentro dos ambientes religiosos do século V, mas passou mesmo a ser escrita e definida em altura, timbre, duração e intensidade cinco séculos depois, no período barroco, quando apartou-se de vez dos cultos religiosos e de outras formas de manifestação artística. Porém, vamos deixar claro uma coisa: há também a erudição popular, tão rica e necessária e que, de alguma forma, está inserida nesse texto e no conceito da vida em sociedade.

No Tudo em Pauta, programa que comando de segunda à sexta-feira na Litoral FM 90.9 e com foco referencial em cultura, fui apresentado a duas expressões sonoras singulares em Tubarão e na região. Me refiro as orquestras Santa Teresinha do Menino Jesus e Fucap Univinte. A primeira, um caso à parte pelo tamanho da sua grandeza musical e também social. Criada em 2011, é fruto da missão de inclusão e transformação social sonhada pelo Padre Edison Müller e lideranças comunitárias, como a já falecida irmã Johana Niemann.

Hoje uma associação formalizada, a Santa Teresinha recebe mais de 100 crianças, adolescentes e jovens tubaronenses que, gratuitamente, aprendem conteúdo musical diferenciado, num processo imensurável de transformação das suas vidas e de seus familiares. Lapidação que também ganha consistência na figura de um músico singular, o maestro Julierme Beckhauser Blasius, um pedagogo sonoro como poucos. 

O mesmo maestro que aceitou outro desafio. O de juntar músicos jovens e experientes naquela que pode ser hoje considerada a maior orquestra do sul catarinense e, quero crer, uma das mais competentes do nosso Estado. Trata-se da Orquestra Sinfônica Fucap Univinte, com origem e base no centro acadêmico de Capivari de Baixo e criada em 2023, a partir de um projeto social que originou o Instituto Fucap. A qualidade de seus integrantes e o ecletismo de repertório, que vai do clássico ao popular, despertou olhares e aplausos não apenas nossos, mas de uma figura de respeito no universo da música clássica. O grande regente brasileiro Vinícius Kattah, nada mais nada menos do que o maestro da orquestra que um dia foi comandada por Wolfgang Amadeus Mozart.

Foto: Orquestra Univinte Fucap

Curioso por conhecer a sinfônica que reúne músicos adolescentes e outros na denominada "terceira idade", Kattah – que vive na Áustria e recentemente esteve em Tubarão com a Orquestra Schonbrunn do Palácio Real de Viena, assinou embaixo no que viu. Deu aval para a criação de um Termo de Cooperação entre as orquestras. Documento que, na prática, vai possibilitar aos concertistas brasileiros um salto de qualidade no seu aprendizado. 

E aqui fica um apelo deste colunista, dado a tamanha competência dessas duas orquestras, que projetam Tubarão e região no cenário da música erudita nacional e internacional: que as autoridades públicas e o empresariado estejam sensíveis no apoio a essas iniciativas, pois, tratam-se de expressões artísticas únicas. Não oportunizam apenas a formação e apuro musical dos seus integrantes, mas trazem na sua raiz e propósito o melhor da cidadania e o acolhimento às nossas comunidades. Orquestras, portanto, feitas e integradas por gente daqui, motivo de sobra para nos orgulharmos e as chamarmos de nossas. 

 

Tom Belmonte é jornalista, escritor, comunicador de rádio e músico.

A efervescente cena musical autoral do sul catarinense

18/06/2025 14h33 | Atualizada em 20/06/2025 15h32 | Por: Tom Belmonte
Foto: Esquadrão Marte

O carioca Tom Jobim, talvez o maior dos nossos compositores populares, afirmava que “basta a linguagem musical” para resumir o impacto de uma canção quando o assunto é comunicar ideias e emoções. Ao seu gosto e estilo, cada um de nós têm a trilha sonora da sua vida. Melodias que ficam tatuadas na memória afetiva do coração e são capazes de fazer chacoalhar o esqueleto, dar início a um intenso agito capilar e arrancar risos e lágrimas. A tal alquimia espiritual, emocional e física da música. 

Cantora Deborah esteve no Tudo em Pauta, da Litoral FM
Cantora Deborah​​​

Dito isto, chamo a atenção do ouvinte da Litoral FM 90.9 e do leitor desta coluna - que não à toa se denomina Alta Frequência, para a nova cena musical de MPB e pop-rock instalada em Tubarão e em ao menos outras duas cidades da costa sul catarinense. A conheci no TUDO EM PAUTA (TEP), programa de entrevistas com foco especial na Cultura e que comando de segunda à sexta-feira, das 10h às 11h, naquela que “dá gosto de ouvir”. E na frequência cultural do TEP as atrações sonoras têm lugar garantido, o que nos levou a criar o Música Daqui, quadro das sextas-feiras onde rodamos uma hora de música feita em Santa Catarina. Ou seja, onde a prioridade são as nossas bandas, compositores e intérpretes.

Raul Silter
Raul Silter

Esse caminho da autoralidade sonora local e regional vem revelando diamantes e esmeraldas. Todos singulares, prontos para palcos e aplausos que respondam ao tamanho dos seus talentos. Estou falando de beats fora da curva e letras inteligentes e à flor da pele, como no caso do caiçara lagunense Raul Silter e do rapper tubaronense Rafa Difere. De canções com autoridade e atitude rocker da P-115, Kamiza Emprestada e Esquadrão Marte, todas da Cidade Azul. Sem falar de trajetórias musicais consolidadas, mas sempre importantes de serem citadas e aplaudidas, porque abriram trilhas e seguem na ativa. Estou falando de Juliano Demétrio, o “mestre dos magos”, dono de um apuro instrumental e melódico e Seu Maneca, que passeia com desenvoltura pelo velho funk, o reggae e a MPB, e soma 25 anos de estrada autoral.

Vale citar ainda o suíngue costeiro, de consciência ambiental e vibração solar da lagunense Santarutz, da tubaronense Jamaica Groove e da  garopabense Karen Rosa. Das melodias com cheiro de mato e oceano de Tiago Bra e do folk-rock inspirado de Igor Guri.  Esses dois últimos gaúchos, mas radicados há mais de meia década em Laguna e Garopaba, respectivamente. Pluralidade musical também expressa no trabalho da tubaronense Deborah, dona de uma voz potente e que passeia por diferentes vertentes rítmicas. 

Igor Guri
Igor Guri

Música, portanto, de gente grande, pronta para tocar em qualquer FM de bom gosto do Brasil, estar no topo da sua playlist e de bombar no seu streaming. Artistas com tamanho para pedir vez e voz na trilha sonora da sua vida. Há mais ainda, mas esses guardaremos para um próximo capítulo deste coluna. Como ensinou Jobim, uma linguagem musical. Feita aqui, mas com personalidade para muito além da nossa aldeia.

 

Tom Belmonte é jornalista, escritor e músico.

Por um espaço real para a cultura tubaronense

10/06/2025 09h32 | Atualizada em 10/06/2025 09h30 | Por: Tom Belmonte
Foto: PMT

A cultura e a arte são conexões com o Divino. Conduzem a um estado de espírito que tem como ponto de interesse a alegria. A recompensa aos sentidos e até uma recondução a propósitos. Pontes sensoriais que nos aproximam do belo, permitindo sintonizar a vida em frequência mais elevada.

Desde a estreia do Tudo em Pauta – programa que vai ao ar de segunda à sexta-feira, das 10h às 11h, na Litoral FM 90.9 - eu tenho sido apresentado à cultura e à arte da Cidade Azul, da região e do Estado. Um mergulho numa terra fértil, onde dialogo com talentos da literatura, da música, do teatro. Gente que cria, que se expressa. Que faz da imaginação uma trilha para a libertação e a exaltação do melhor do humano. A faceta lúdica do trabalho.

Falando especificamente de Tubarão e desse quintal artístico, que acredito não muito diferente em comunidades do nosso entorno, há uma clara constatação: todas essas formas de arte carecem de um local, uma estrutura que as visibilize, que as aproxime mais da comunidade. A arte e a cultura, preciso frisar, só tem razão de ser quando chegam ao público e o sensibilizam, quando podem ser mostradas e reconhecidas. E temos uma gama incrível de escritores armados de livros, ideias e sonhos; músicos que acessam a trilha sonora do nosso coração; atores e atrizes que transformam o real num lúdico construtivo. Arte e pausas ao belo, que nos afastam do bestial e das toxidades do materialismo rotineiro. Gente que precisa de um lugar especial para jorrar essa arte e obter aplauso e incentivo, incluindo o reconhecimento financeiro. Um espaço, uma estrutura, que permita a diversidade o tempo todo. Uma oferta incessante do lúdico, pois há muita diversidade e qualidade na arte e na cultura de Tubarão, prontas a transformar vidas. De quem as faz e de quem a recebe, que somos nós.

O Museu Willy Zumblick, ponto central da cidade, talvez fosse o local perfeito para receber e sediar a cultura tubaronense. Um prédio majestoso, de linhas arquitetônicas singulares. Abriga as obras da maior expressão da pintura de Santa Catarina, de um filho desta terra de Tubá-Nharô. Mas nele resiste e insiste um carimbo de museu, uma assinatura que o limita. Que talvez não permita na formalidade das leis ou das vontade políticas, o seu compartilhamento com outras manifestações artísticas. O que nos apequena. Coisa que o próprio artista que dá nome a ele, quero crer, veria como entusiasmo e riso aberto.

Reflexões e boas provocações à parte, reside aí uma pauta que urge aos gestores públicos. Um desafio conceitual e real aqueles que fazem a política do Município: a de pensar e materializar um novo Centro Cultural para Tubarão. Que impulsione a arte tubaronense no seu hoje, no seu agora, sem esperar o amanhã. Um espaço plural, democrático e agregador da arte e até mesmo do turismo local. Que permita à cultura tubaronense mostrar-se

nas suas mais diferente faces e agendar-se o ano todo, não apenas em atividades esporádicas. Um centro cultural que mostre a identidade deste povo também por meio da arte. Citei o turismo por outra constatação: não há, por exemplo, na área central da cidade, uma mísera banca pública ou quiosque que oferte ao turista ou mesmo ao morador informações, um “chaveirinho”, um artesanato, que distribua folders que expressem as belezas e atrativos da Cidade Azul. Cultura e identidade também começam por aí, por visibilizar quem somos, o que fazemos, do que nos orgulhamos em nossa história.


*Tom Belmonte é jornalista, escritor, músico e comunicador de rádio

Litoral Mais

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