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COLUNISTAS

A arte de contar histórias

21/07/2025 17h38 | Atualizada em 21/07/2025 17h41 | Por: Pedro Gonçalves
Foto: Freepik

Você já ouviu o termo “storytelling”? Imagino que sim. O termo em inglês teve intensa popularização nos últimos anos, principalmente no marketing, intensificando a necessidade de contar histórias cativantes, com narrativas que prendem o público, para vender ideias e/ou produtos. 

Bom, deixarei o estrangeirismo de lado e focarei no bom e velho termo “contar histórias”. E não falarei sobre o uso nas vendas (pois sim, ajuda muito a cativar o público), mas na educação! Explicações, quando atreladas a uma narrativa envolvente, conseguem transmitir a ideia com mais facilidade. 

Trabalho com escrita e histórias há bons anos, mais de uma década, e nesse ramo, grande parte do trabalho não está em sentar e escrever, mas em observar. Prestar atenção em fatos, movimentos, ações, para que essas referências se transformem em conteúdo nos textos. Há alguns anos, passei a observar com mais atenção a forma como as matérias são explicadas nas instituições de ensino, independentemente da área e da disciplina. Percebi que, quando um conceito mais complexo era explicado por meio de uma narrativa elaborada, o clássico “contar uma historinha”, os alunos aprendiam melhor. E, ao falar em historinha, não me restrinjo à educação infantil; refiro-me principalmente a adolescentes e adultos. 

Quem nunca teve aquela matéria com um conteúdo em que você tentava entender o que o educador dizia, mas simplesmente não compreendia? Chega um momento em que você nem quer mais perguntar por vergonha. (Aliás, não tenham vergonha de perguntar quantas vezes forem necessárias. E, se der vergonha, espere e questione fora da aula. Não fique com a dúvida.) Isso é comum, muitas vezes, a dificuldade está apenas na forma como a mensagem está sendo transmitida. 

Um exemplo que me virou a chave sobre isso, e me motivou a falar mais do tema, foi quando meu irmão mais novo estava no ensino médio. Ele já tinha uma dificuldade quase tradicional em matemática e, quando entrou um professor substituto, suas notas melhoraram de repente. Curioso, perguntei o motivo da melhora com aquele educador, e a resposta foi bem interessante: “Ele não fala só a fórmula. Ele me conta a história da formação daquela fórmula e explica cada elemento. Como é uma história, eu decoro, aí se torna mais fácil.” Aquela fala me marcou muito. O professor, que nunca cheguei a conhecer pessoalmente, estava usando a arte de contar histórias para ensinar matemática, melhorando a memorização das fórmulas de alunos que antes tinham dificuldades. 

E, aos professores que estão lendo: claro, não podemos ficar apenas no mundo teórico e mágico. Compreendo bem como é o dia a dia em sala de aula, pois também é a minha rotina. Sei que nem sempre conseguimos fazer tudo o que planejamos, porque cada turma é uma realidade. Mas a construção de narrativas é um exercício. Precisamos aprimorar continuamente a forma como estruturamos nossas explicações, pois com o tempo, isso se torna algo tão natural que, mesmo cansados e na correria de uma aula para outra, a história surge automaticamente ao explicarmos algo complexo. 

Esse é um dos motivos pelos quais as clássicas “musiquinhas” cantadas pelos professores, principalmente aos vestibulandos, são tão importantes. Assim como as histórias, as músicas ficam na memória e facilitam a fixação de conteúdos. Canções sobre gramática, química, física... são ótimas para nos ajudar a lembrar, e algumas nos acompanham para o resto da vida. 

Quando ministro workshops sobre “Storytelling na Educação”, o mais interessante é ver como educadores de diversas áreas conseguem adaptar seus conteúdos em histórias educativas. É gratificante ver os profissionais se divertindo ao criar narrativas onde conseguem explicar desde a medição de uma área até a importância dos glóbulos vermelhos. 

Inclusive, quando o assunto é sistema imunológico, gosto muito de trazer o exemplo do filme Osmose Jones (2001), pois ele apresenta de forma lúdica como o nosso corpo combate um vírus com o auxílio de uma medicação. O filme se permite brincar com elementos fantasiosos, mas sua essência ensina muito. 

Para finalizar: foquei em como a forma com que explicamos impacta positivamente a educação, pois é a minha área. Mas, com certeza, se fizermos esse exercício, tornaremos as explicações de qualquer situação mais atrativas, mais envolventes e mais memoráveis para o ouvinte. Seja em apresentações profissionais, reuniões de trabalho, palestras... Afinal, somos feitos de histórias e, naturalmente, gostamos de ouvir boas histórias! 

E você, já teve algum caso em que uma narrativa te cativou? 

Pedro Gonçalves

Na Próxima Aula

Professor, redator e videomaker. Trabalha na área de pesquisa e educação desde 2014, é autor do livro "Lex Derner: O Arqueólogo do Futuro" e da newsletter sobre cultura e educação Depois do Cafezinho. Quando pode, gosta de gravar dicas literárias.

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