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COLUNISTAS

Status das Letras

24/11/2025 15h37 | Atualizada em 24/11/2025 15h37 | Por: Eduarda Barreiros Schotten
Foto: Reprodução

“Grandes nomes da Literatura Brasileira” fizeram parte da Academia Brasileira de Letras no século XX. Dos integrantes “panelinha” estavam nada mais nada menos que, Olavo Bilac, José Veríssimo, Machado de Assis, entre outros nomes que eu muito desconheço. 

Alguns críticos como eu, olham hoje para esta integração essencialmente masculina e elitizada e a consideram uma comédia, em outras palavras, um agrupamento que deixou de ser sério e que é indiscretamente formado por “conformistas e políticos poderosos e vaidosos”, segundo suas originais palavras, e ainda que o jogo político influencia diretamente na escolha dos “Imortais”. O acadêmico mais jovem atualmente tem 61 anos e ocupa a cadeira de número 15 há 14 anos, 3 meses e 18 dias. 

Quantos talentosos escritores nasceram e morreram nesse meio tempo? O status de ser acadêmico brasileiro talvez tenha afetado suas carreiras? Os deixou menos escritores? Por serem ou não acadêmicos, esses escritores tocaram menos ou mais o coração de seus leitores? Acredito que não, não porque a academia ontem e hoje não juntou mais literatura, mas nomes, currículos, não juntou mais talentos, mentes revolucionárias e jovens, mas sim status. 

Em uma entrevista para a TV Cultura em 1977, Clarice Lispector é questionada sobre a possibilidade de ingresso da mulher na ALB, na época. “Eu não vejo nenhum motivo para que a mulher não seja admitida na Academia Brasileira de Letras. Um escritor é uma pessoa que escreve, independente do sexo. Mas quanto a mim, eu jamais me candidataria, porque não sou bastante gregária e, sobretudo, sou terrivelmente, essencialmente mortal. Além do que não me agradaria que, ao meu menor espirro, vissem em mim uma vaga”. Acho que isso já diz tudo.

Terras tomadas

04/11/2025 09h42 | Atualizada em 04/11/2025 09h41 | Por: Eduarda Barreiros Schotten
Foto: Reprodução

Da mesma terra de onde nasceu o primeiro alimento. De onde caiu a primeira chuva. Encheu-se rios, mares, oceanos.

De onde pisou o primeiro microrganismo, inseto, animal, ser humano. De onde juntou-se continentes. Nasceu conflitos. Foram enterrados homens. Separadas famílias. É a mesma terra para todos.

De onde o nativo erguiu e o colonizador tomou para si. Matou culturas e instaurou a que considerava adequada. Queimou e dizimou quem pensava diferente. Quem lutava por direitos tomados.

Olhou para o passado e enterrou o originário. Ensinou para as crianças um estereótipo de americano distorcido. E deixou para trás um genocídio e uma escravidão que pouco se repara e que se mostraram essenciais para o crescimento de uma América que conhecemos hoje como primeiro mundo.

Terra de sonhos realizados, oportunidades grandes, vidas melhores. Terra agora de famílias divididas, sonhos roubados e aprisionados.

Formada pelos mesmos homens que apagaram o nativo da história e que agora tenta fazer com o imigrante. A mesma terra que cresceu às custas de nativos, estava crescendo com a chegada de imigrantes e que agora os mesmos americanos tentam levar todo o crédito.

Mal do Século

13/10/2025 14h52 | Atualizada em 13/10/2025 14h52 | Por: Eduarda Barreiros Schotten
Foto: Reprodução

O mal do século se resume em telas passadas. Vidas “filtradas”, modas passageiras, fofocas mal contadas. Se antes o problema era a falta de comunicação, hoje o excesso se mostra doentio, exacerbado.

Se consome superficialidades de uma vida que fora das telas se iguala a todas as outras. Se molda um padrão inalcançável, se dá palco para tolos, mídia para os zuados, odiados. A população está doente e isso é problemático, mas não viraliza.

As redes se tornaram um verdadeiro circo, se para num dia de trânsito em frente à cena de um acidente, olha para a vítima que agoniza ao chão e grava. Se olha para o homem que ateou fogo no próprio corpo em meio da estação de metrô num dia corriqueiro de trabalho e grava. E posta e viraliza. E a tragédia vira espetáculo.

Mas o espetáculo acaba, outra polêmica acabou de surgir. Se olha então para a guerra no oriente e se especula, especula muito, se preocupa, fala, noticia, fofoca.

Mas o que se faz na prática? Nada.

Se senta num domingo à noite sozinho no apartamento, para de rolar a tela e se percebe o tamanho do vazio. Conectados, mas tão sozinhos no mundo.

A espera do fim

29/09/2025 11h30 | Atualizada em 29/09/2025 11h42 | Por: Eduarda Barreiros Schotten
Foto: Marciane dos Santos (Vitor Jubini/A Gazeta/.)

Maria de Lurdes tinha 17 anos quando conheceu José. Os dois começaram a namorar ainda na escola, ela sempre esforçada, ele sempre indiferente para com os estudos.

No começo era tudo rosas. Ele dizia que amava, comprava flores, dava presentes, escrevia cartas de amor. Mas os eu te amos não passavam de palavras cuspidas e Maria descobriu grávida, que José mantinha traições escondidas.

Era uma noite chuvosa, Maria preparava o Jantar quando José foi tomar banho e por um descuido impensado, deixou o celular no bolso da roupa suja. Maria pegou os trapos para lavar e o celular tocou, Maria se apressou em atender. Marcela era o nome da moça que atendeu, jovem, bonita, descobriu da pior forma que José era casado e Maria pior ainda, descobriu que foi traída.

Não podia manter-se no silêncio que andava consigo pelo casamento todos esses anos. Antes acreditava que amava e era amada, agora não mais, iria levantar a voz, iria confronta-lo. Do bate boca, uma agressão nasceu.

Depois de várias ameaças, Maria seguiu sua vida, em silêncio e com marcas pelo corpo. Mas José não desistia, não largava o osso, a perseguia, de todas as maneiras.

Até que um dia Maria resolveu dar um basta, denunciou pra polícia. Usou sua voz. E ele foi detido.

Mas que justiça podre a nossa, o liberou depois de 30 dias e como prometido, José matou Maria queimada viva. E selou o que prometeu “Até que a morte nos separe” menos a parte “prometo amar-te e respeitar-te”.

Infância interrompida

17/09/2025 11h19 | Atualizada em 17/09/2025 11h18 | Por: Eduarda Barreiros Schotten
Foto: Reprodução

Não é difícil distinguir os privilégios de um e outro nesse mundo fajuto. A infância considero uma delas, se não a mais importante dos privilégios. O privilégio de estudar, de comer, de beber, de brincar.

Mas qual o peso do privilégio quando a fome fala mais alto? Que a desigualdade existe todos sabemos, mas esquecemos mesmo é do tamanho da nossa sorte.

Meninas que vendem o corpo desde cedo, meninos que capinam o mato todas as manhãs, vendem bala na sinaleira, se envolvem no crime, fazem malabarismo. Malabarismo mesmo é o que fazem para dar um jeito na vida, sobreviver, sustentar a família.

No papel a infância é um direito de todos, na prática, a infância é manchada, interrompida, massacrada. Seus destinos são cravados, soterrados, porque a educação não lhes foi oferecida, não lhes foi dado tempo de fantasia, de brincadeira.

Nessas crianças foram esfregadas a realidade crua e nua da vida, sem piedade e arrependimentos. Nessas crianças foram instalados ódio, amargura. É um ciclo vicioso de quem vai ser sorteado, com uma casa de bonecas ou um fuzil que não é de brinquedo.

Difícil mesmo é proporcionar para todos a mesma oportunidade, a mesma realidade. Já que o mundo é fajuto mesmo, basta é que os sortudos agradeçam mais do que os sorteados.

Eduarda Barreiros Schotten

Por entrelhinhas

Eduarda Barreiros Schotten é estudante de Jornalismo e escritora. Aprofundando-se em temas impactantes da sociedade, por entrelinhas, traz a humanidade ao texto de uma forma poética e as vozes dos marginalizados. Tocando em pontos sensíveis de questões que abalam a atualidade criativamente.

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