Segunda-feira, 30 de junho de 2025
Tubarão
24 °C
16 °C
Fechar [x]
Tubarão
24 °C
16 °C

COLUNISTAS

O que os olhos não veem

24/06/2025 18h08 | Atualizada em 24/06/2025 18h07 | Por: Eduarda Barreiros Schotten

Tem uma frase muito popular que diz: “o que os olhos não veem o coração não sente”. Me permita agora opinar que para mim, há coisas na vida que mais do que os olhos conseguem “ver”. Experimente por exemplo fechar os olhos e sentar em frente a uma rua movimentada e escutar. Escute o barulho dos carros, o canto dos pássaros, a fala das pessoas, mais a fundo, o som do riacho. Experimente sentir o cheiro: de fumaça, da barraquinha de cachorro quente na esquina, de cidade grande. Se moras em cidade pequena ou na roça sente-se por um segundo em meio a grama, sinta o sol pegando na pele, o vento balançando o cabelo, arrepiando o corpo. Imagine o que está na sua frente. Eu diria que você vê muito mais do que veria com olhos abertos. Eu diria que o cego é o homem mais escritor e mais criativo da história. O cego imagina muito. Vê com ouvidos, nariz, boca e dedos. Vê não a coisa literal mas o inevidente, o obscuro, o enigmático da coisa. Essa coisa que se é praticada com a mesma destreza de quando se lê. Mas eu diria que o cego que lê sem olhos, lê mais que nós de olhos abertos. Ele sente com os dedos e vê com a cabeça, com o coração. Põe a mão no alicerce da coisa e a faz inteira. Pega a cegueira é a transforma em ponte não em muleta.

Violência por violência

09/06/2025 08h30 | Atualizada em 09/06/2025 08h26 | Por: Eduarda Barreiros Schotten
Foto: Reprodução

O que faz uma pessoa determinar a morte de outra?

A sentença calculada em 13 tiros o que somente um já teria feito o serviço. A “justiça” tem cor, pele, vestimenta e lugar. É porque ele foi inspirado a matar que seu destino foi decidido pela troca com a própria morte. É porque o crime se mostrou diante de seus olhos um caminho fácil, para encher a mesa das criança. Para um homem sem estudos a matança é armadilha e praga. Para o policial, a punição merecida, destinada. Bandido não merece piedade, não merece ser ouvido então se lança logo treze tiros.

O primeiro acerta o ombro, aonde a M4 ficava pendurada. O segundo acerta a perna que permite que ele suba os morros da favela para fazer seu serviço e voltar para casa. O terceiro acerta os dedos que por uma injustiça da vida não poderiam segurar um lápis ou uma caneta. O quarto acerta o peito e nesse momento ele cai de joelhos. O quinto acerta a boca a mesma, que tosse sangue impendindo-o de pedir por misericórdia. O sexto o quadril, o sétimo a cabeça. Nesse momento ele jazia deitado ao chão penerado em sangue. O policial fica na sua frente olha nos olhos dele e atira mais seis vezes, só para garantir.

Seu corpo fica irreconhecível. Porque reconhecer um criminoso? A justiça está feita afinal.
Todos nós somos perigosos, a justiça é regida pelo medo e paga com vingança. No momento em que um justiceiro mata ele não está mais querendo proteger nem conter um criminoso, está saciando em si o desejo instintivo e primordial de matar.

Eduarda Barreiros Schotten

Por entrelhinhas

Eduarda Barreiros Schotten é estudante de Jornalismo e escritora. Aprofundando-se em temas impactantes da sociedade, por entrelinhas, traz a humanidade ao texto de uma forma poética e as vozes dos marginalizados. Tocando em pontos sensíveis de questões que abalam a atualidade criativamente.

Litoral Mais

Av. Marcolino Martins Cabral, nº 2238 – Sala 02, bairro Vila Moema, CEP 88705-000, Tubarão - SC

Fone: 3192-0919

E-mail: portallitoralmais@gmail.com

Litoral Mais © Todos os direitos reservados.
Demand Tecnologia
WhatsApp

Utilizamos cookies para oferecer melhor experiência, melhorar o desempenho, analisar como você interage em nosso site e personalizar conteúdo. Ao utilizar este site, você concorda com o uso de cookies.

Ok, entendi!