Putin nega intenção de confronto com a Otan, mas alerta que responderá a provocações militares
A Rússia voltou a acusar países europeus de impedir um acordo de paz com a Ucrânia e afirmou não ter interesse em ampliar o conflito para um embate direto com a Otan. A declaração foi feita nesta quinta-feira (2) pelo presidente Vladimir Putin, que criticou o que chamou de “histeria” de líderes europeus ao apontarem risco iminente de guerra contra Moscou.
Segundo o presidente russo, o apoio ocidental a Kiev representa um desafio, mas não muda a confiança no poder militar de seu país.
“Todos os países da Otan estão lutando contra a Rússia na Ucrânia, fornecendo inteligência, armas e treinamento. É um desafio sério, mas nosso exército é capaz. Não realizamos mobilização forçada como a Ucrânia. Os esforços ocidentais para impor uma derrota estratégica à Rússia fracassarão”, disse Putin.
Apesar do tom de enfrentamento, o líder russo reforçou que acompanhará de perto o aumento da militarização europeia e responderá a qualquer provocação.
Reações às falas dos EUA
Questionado sobre a declaração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que classificou a Rússia como um “tigre de papel”, Putin ironizou:
“Não sei se foi ironia, mas se a Rússia é um tigre de papel, o que seria a Otan?”.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, também acusou a Europa de encorajar o governo ucraniano a desistir das negociações de paz após o encontro entre Putin e Trump no Alasca, há cerca de seis semanas. Para ele, a postura europeia é hoje o “principal obstáculo” a uma solução pacífica.
Possível envio de mísseis Tomahawk
Outro ponto de tensão é a possibilidade de os Estados Unidos autorizarem o fornecimento de mísseis Tomahawk de longo alcance à Ucrânia, medida que, segundo Moscou, exigiria uma “resposta adequada”.
O pedido foi feito pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e confirmado pelo vice-presidente americano, J.D. Vance. Os armamentos, com alcance de até 2.500 km, seriam adquiridos por países europeus e repassados a Kiev.
Mesmo assim, Peskov minimizou o impacto da medida:
“Não existe arma mágica que mude radicalmente o curso da guerra”, disse.
Europa reforça defesa
Enquanto isso, países europeus acusam a Rússia de estar por trás de drones não identificados detectados em seus territórios. Incidentes foram registrados na Polônia, Romênia e Dinamarca, aumentando a suspeita de uma ofensiva híbrida de Moscou.
O episódio mais recente ocorreu na sexta-feira (26), quando aeronaves sobrevoaram a maior base militar dinamarquesa, poucos dias após o país anunciar a compra de armas de precisão de longo alcance.
Em resposta, a Otan comunicou que reforçará a segurança na região do mar Báltico.