Sessão que se estendeu por mais de 13 horas ouviu nove pessoas no primeiro dia; familiares da vítima pedem por justiça.
O primeiro dia do julgamento de um homem acusado de matar a namorada com socos, chutes e joelhadas em Imbituba, Santa Catarina, foi encerrado após mais de 13 horas de sessão. O Tribunal do Júri ouviu nove pessoas entre testemunhas e informantes, em um dia que começou às 8h e terminou às 21h45. O crime aconteceu em maio de 2018 e a vítima, Isadora Viana Costa, tinha 22 anos.
A sessão foi retomada na manhã desta quinta-feira (4), a partir das 9h, no Fórum da Comarca de Imbituba. O dia final do julgamento deve incluir o depoimento das últimas três testemunhas, a análise de provas e o interrogatório do réu. A equipe de comunicação do Ministério Público catarinense informa a população sobre o andamento do julgamento em tempo real pela ferramenta Threads, do Instagram, e pelo X.
O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), representado pelos promotores de Justiça Patrícia Zanotto e Geovani Werner Tramontin, pedirá a condenação do réu por homicídio triplamente qualificado — por motivo fútil, feminicídio e por impossibilitar a defesa da vítima. O MPSC também pede a condenação por fraude processual e posse ilegal de acessório de uso restrito para arma de fogo.
Dor e clamor por justiça
A sessão do primeiro dia de julgamento foi acompanhada por familiares e amigos da vítima, que se emocionaram ao relembrar Isadora. Rogério Froner Costa, pai da jovem, expressou a dor da família. “Ela tinha a família dela, os amigos, amava a irmã dela, os pais. Tinha uma vida pela frente que falta tamanho para a gente dizer, e tudo isso foi cortado de uma forma bruta e pior, por decisão de um homem, o que é mais triste. Eu não gostaria de estar aqui nessa circunstância, mas nós estamos aqui também por isso, em defesa da vida de todas as mulheres”, declarou.
A mãe de Isadora, Cibelle Viana Costa, reforçou o pedido por justiça. "A minha caminhada até agora, com a campanha para a justiça para a minha filha, foi uma caminhada de amor, porque eu amo a minha filha mesmo que ela não esteja aqui, e eu quero que essa pessoa que matou ela seja punida. Isso não vai trazer ela de volta, mas não pode ficar impune esse tipo de assassinato. Eu estou confiante na justiça", afirmou.
Relembre o caso
O crime ocorreu em 8 de maio de 2018. Isadora, natural do Rio Grande do Sul, passava alguns dias na casa do namorado em Imbituba. Segundo a denúncia do MPSC, o réu a atacou após ela ter revelado à irmã dele que ele fazia uso excessivo de drogas e álcool.
Após uma noite em que o réu teria passado mal, Isadora acionou a ajuda da irmã dele. Com isso, a família soube do uso de drogas. Depois que a irmã do acusado foi embora, ele teria agredido a namorada de forma brutal. O laudo cadavérico apontou que a morte foi causada por trauma abdominal, com lesões compatíveis com múltiplos socos, chutes e joelhadas. O documento médico desconsiderou a tese da defesa de que a morte teria sido causada por overdose.
Durante as buscas na casa do réu, a polícia encontrou vestígios de drogas, uma espingarda, uma pistola, 146 munições vencidas e uma mira a laser para arma de fogo, um acessório de uso restrito. Por isso, o Ministério Público também pede a condenação por posse ilegal.