Era natural que o péssimo início de campeonato do Atlético Tubarão culminasse em mudanças. Trocar o pneu com o carro andando nunca é fácil - ainda mais quando o trajeto é ladeira abaixo - mas o que restou à diretoria foi jogar qualquer resquício de planejamento para o alto e abraçar o fato novo.
Não cabe aqui o velho clichê da impaciência dos dirigentes de futebol. Felipe Gil e companhia seguraram o trabalho natimorto de Sandro Sargentim até onde deu. Meses de pré-temporada, uma folha salarial que supera os R$ 200 mil mensais e a equipe, que estreou apresentando muito pouco diante do Metropolitano, regrediu rodada após rodada. Na última semana, uma última ida ao mercado resultou na chegada de três nomes experientes - e caros. Nem isso salvou.
Explanadas as justas críticas ao trabalho de Sargentim, a conta dos quatro jogos sem vitória não é só dele. É sempre mais fácil trocar um técnico do que 22 jogadores, mas diante do Fluminense ficou evidente que o grupo largou a mão do treinador antes mesmo da diretoria. Os dois primeiros gols sofridos não me deixam mentir. Com Sargentim fora, as lideranças do grupo que foram para Joinville em marcha lenta irão abraçar a responsabilidade?
Outro fator que precisa entrar na conta, paga no débito por Sargentim: a quantidade assustadora de lesões musculares. O erro está na preparação física, na carga de treinos ou no departamento médico? Esclarecimento necessário.
E que não fique de fora do balaio o trabalho de Felipe Gil, outrora tão atento à personalidade e ao histórico dos atletas que contratava, dessa vez permitiu a entrada de maçãs podres no grupo. Terá a responsabilidade de acertar no nome do técnico responsável por salvar a lavoura.
Com ou sem técnico, o próximo desafio é em casa, no domingo, diante do Carlos Renaux. Pela primeira vez no ano o torcedor poderá ir as arquibancadas da Vila sem restrições, desconfiado com o momento, mas com vontade de, enfim, comemorar.
O começo da campanha do Atlético Tubarão na Série B do Catarinense ficou marcado pela baixa produtividade ofensiva - assunto que já foi abordado aqui na coluna.
Com três jogos e apenas um gol marcado, a comissão técnica entendeu que o plantel não entregaria o suficiente para alçar o Tubarão a briga pelo topo da tabela, contrastando com a expectativa inicial do torcedor. Esse entendimento foi explicitado pela fala de Sandro Sargentim após a derrota para o Camboriú, quando o técnico falou em buscar ‘soluções externas’.
Do mercado, Felipe Gil trouxe o experiente meia Juninho Tardelli por empréstimo do Marcílio Dias. Aos 41 anos, acrescenta a experiência necessária em um elenco jovem e a capacidade de armação que vem faltando ao meio-campo.
Ao ataque, foram acrescidas as ‘torres gêmeas’: João Gabriel, de 1,93 m, e Venícius, de 1,88 m.
João tem 29 anos e atuou por último no Joinville, onde marcou dois gols em dez partidas. Entrou em campo pela última vez em fevereiro de 2024, pelo Campeonato Catarinense.
Venícius é velho conhecido do futebol catarinense. Foi destaque do Inter de Lages em 2023, marcando sete gols entre Série B do Catarinense e Copa Santa Catarina. Dali, foi emprestado para Ponte Preta e Barra, não repetindo o mesmo sucesso. Chega ao Tubarão com 26 anos.
O torcedor observa as chegadas com expectativas: de mais gols, de mudança de maré e de crescimento na tabela. Com novas cartas no baralho, cabe a Sargentim entregar tudo isso.
Com duas rodadas passadas desde a estreia do Tubarão na Série B do Catarinense, é natural que algumas conclusões sejam desenhadas - embora seja muito cedo para que elas se tornem definitivas.
Uma delas, evidenciada pelos números, é que o ataque tricolor encontra sérias dificuldades em marcar gols. Com 33 finalizações, no alvo ou fora dele, o Peixe balançou as redes adversárias apenas uma vez, durante a blitz para igualar o placar diante do Metropolitano.
Para que o esquema de Sargentim funcione, os pontas precisam entregar transpiração e inspiração. Marcelinho e Kaique Silva, embora cumpram o primeiro quesito, deixam muito a desejar no segundo. A aposta por um centroavante de movimentação e ataque ao espaço, com Caio Vieira, exige que os ‘beiradas’ contribuam também com gols, o que ainda não aconteceu.
Pelo meio, Denner iniciou o jogo como o camisa 10 na estreia, com Marcelinho e Juninho alternando na função; no segundo jogo, Bruninho saiu jogando por ali. Atletas de características diferentes, mas com uma constante: não conseguem chegar na área e finalizar com consistência.
A obviedade precisa ser dita: o Tubarão precisa de gols. Se não os encontrar dentro do atual elenco, talvez precise buscá-los no mercado.
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Quanto entrar em campo neste domingo, diante do Metropolitano, o Clube Atlético Tubarão fechará um ciclo de oito semanas de preparação para a Série B do Catarinense - o planejamento adiantado, em contraste com a desorganização e as decisões atropeladas da temporada passada, foi agraciado com uma semana extra de treinamentos, em virtude da desistência do Inter de Lages.
Os nomes do diretor de futebol e do técnico foram definidos em novembro; o elenco, montado ao longo de meses, com nomes já anunciados em dezembro; a categoria de base, campeã no Sub-21, foi confiada a Everton Soares, o Ton, especialista em formar atletas na região; e a estrutura do complexo esportivo passou por manutenções e melhorias necessárias. As questões aqui listadas são atitudes e decisões DO clube, que se tornam boas notícias ao torcedor.
Então qual é, afinal, a boa notícia que O Clube Atlético Tubarão recebeu?
A primeira rodada da Série B.
Com o Tubarão de folga, pudemos observar as partidas dos adversários do Peixe - e diagnosticar o baixo nível técnico da competição.
Metropolitano e Blumenau fizeram um confronto repleto de uma timidez intrínseca a dois clubes que estavam há anos afastados do próprio torcedor. Ninguém queria perder o clássico, matando a ousadia da busca pela vitória. Triunfou o Blumenau, que chega com maior investimento e melhor preparo.
O Juventus de Jaraguá, treinado por Paulo Baier, goleou o recém-promovido Porto. Carlos Renaux e Fluminense entregaram um jogo muito ruim, enquanto o indeciso Nação, que se mudou para Araquari mas segue atuando em Joinville, bateu o ‘Camborituba’ (apelido dado ao Camboriú, que se deslocou até Imbituba para jogar a Série B por não se acertar com a prefeitura quanto ao uso do Robertão).
O panorama geral da competição parece instalado. Falta, mesmo, é ver o Tubarão de Sandro Sargentim em campo. Apesar de desfalques importantes, como Wallace, Brendon e Pilar, o torcedor espera ver no domingo as credenciais de um time que aspira retornar a elite catarinense.
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Chute Cruzado
Jornalista e locutor. Apresentador dos diários Jornal Litoral e Arena Litoral na 90.9FM. Por aqui, informação e opinião sobre esporte, com grande foco em Atlético Tubarão e Hercílio Luz.